A MOSTRA
Enquanto o céu se move
Arrasta os móveis, prepara a câmera do dispositivo eletrônico, dá aquela checada no visual, acrescenta ao figurino a capa invisível da resiliência e se prepara para mais um dia de estudos e criação. Este é o momento. O momento em que parece que o tempo parou. Se o tempo para, decidimos não parar. Começamos a reparar nos movimentos sutis dos dias.
A chuva e o vento ajudam a perceber o movimento. Durante o dia o céu se move com as nuvens que contrastam no fundo azul, à noite as estrelas se movem, algumas se tornam cadentes e deslocam para outro lugar no céu, a Lua muda de forma e de fase dizendo que ainda estamos em transformação. A Lua nos lembra que estamos em transformação. Nos transformamos mesmo quando o tempo para. Fazemos anoitecer durante o dia e fazer o sol raiar durante a noite. Fazemos tudo isto dentro da nossa Casa-Teatro. Experimentamos, inventamos mundos, criamos histórias, construímos personagens, reinventamos o dia com ou sem a capa invisível da resiliência, porque ninguém é de ferro.
A única coisa que é de ferro, de aço, indestrutível é o desejo de continuar em movimento mesmo estando parado. A Arte nos move de dentro para fora. O Teatro é nosso trunfo diário para que a gente faça tudo. Faça até chover. A gente chove dentro da nossa Casa-Teatro e dentro da gente, mesmo quando o céu, em dias leves, parece parado.
Enquanto o céu se move por nós, começaremos mais uma Mostra de Teatro.
Um tempo para comemorarmos.
Um tempo para prestigiarmos o encontro, mesmo que pela tela.
Um tempo para olharmos para trás e vermos o quanto se caminhou.
Um tempo para olharmos para a frente e fazermos novos planos porque daqui a pouco para de chover.
Um tempo para deixarmos a capa da resiliência guardada, porque sinceramente, não precisamos mais dela porque fizemos chover.
Porque somos chuva.
E enquanto vemos tudo pela janela, sentimos o cheiro da chuva anunciando novos movimentos.
Que venha a Mostra Fundação das Artes de Teatro do primeiro semestre de 2021!
Evoé!